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A’ MEMORIA DE UMA AVE


Quando morre uma creança
Diz-se que o pallido anjinho,
Voou como uma esperança,
Foi para o Céo direitinho.

Mas nossa mente se cança
A voar de ninho em ninho,
Interrogando a lembrança,
Quando morre um passarinho.

Só eu, se alguem diz que a vida
De uma avesinha querida
Se extingue, como um clarão;

Ponho-me a rir, pois, divina!
Ouço cantar, em surdina,
Tu, alma em meu coração.

Jardim — 1893.