“Minh’alma é triste até à morte...” Doce,
Jesus falou... E o Nazareno santo
Chorava, como se a su’alma fosse
Um mar imenso de amargura e pranto.
Depois, silencioso, ele afastou-se
E foi rezar no mais sombrio canto.
Seu grande olhar formoso iluminou-se
Fitando o etéreo e estrelejado manto.
“Pai, tem piedade...” E sua vez plangente
Tremia, enquanto pelas trevas mudas
Baixava manso o triste olhar dolente.
Pobre Jesus! Como n’um sonho via:
Em cada sombra a traição de Judas,
Em cada estrela os olhos de Maria!
Macaíba - 7 de Abril de 1898.
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