Página:Horto (1910).djvu/271

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Pois se ele era o sorriso de seus olhos
Desde que o esposo para o Além se fora!
Se era a luz que surgia entre os abrolhos
De su’alma tristonha e sofredora!

Sorrindo a mãe dizia olhando a terra
E o casto manto azul de lá do céu:
“Sois muito lindo, mas nenhum encerra
Jóia mais linda do que o filho meu.”

E tinha bem razão. O seu Laurinho,
Aquela criatura tão franzina,
Guardava lírios brancos no rostinho
E uma rosa na boca pequenina.

Não consentia que ele um só minuto
Dos cuidados maternos se afastasse:
Era um contraste a sombra de seu luto
Na alvura virginal d’aquela face!

E se às vezes a garrula criança
Disparava a correr jardim a fora.
Dadá pensava que sua esperança
Ia fugindo ou que morria a aurora...

Então cismava cheia de receio,
Como se o seu filhinho mais não visse:
E se alcançava, comprimia-o ao seio,
Temerosa que ainda lhe fugisse..