Depois, chegou a vez das Primaveras, de Casimiro de Abreu.
Um pouco mais tarde, no collegio, não leu outra cousa que os compendios de estudo e as obras de premio, de feição religiosa e sentimental.
Nesse tempo o seu livro predilecto foi um romance profundamente triste, Tebsima, episodio lendario da primeira Crusada.
Ao sahir do internato, onde aprendera bem as linguas francesa e inglesa e adquirira boas noções de musica e de desenho, começou a ler alguns autores brasileiros, especialmente Gonçalves Dias e Luiz Murat.
Estes dous grandes sonhadores, porém, não tiveram acção decisiva sobre seu espirito. Não sei mesmo como ella, que detestava a feitura classica de certos estylos, podia ler com satisfação crescente o poeta dos Tymbiras. Nunca me explicou também o motivo porque os versos tumultuosos de Luiz Murat, constituiam verdadeiro encanto para a sua alma tão meiga, tão cheia de religiosa ternura.
Nos ultimos anos, as horas que podia dispensar ao convivio dos autores, consagrava-as aos mysticos, a Th. de Kempis, a Lamartine, a S. Thereza de Jesus. A estes, associava Marco Aurelio, cujos Pensamentos muito concorreram para augmentar a tolerancia e a sympathia com que encarava os seres e as cousas.
Tal é a historia da sua formação intellectual.
Pode-se, entretanto, dizer sem exagero que o soffrimento foi o seu melhor guia.
A influencia das Irmãs de «S. Vicente de Paula» é visível em todo o livro.
O proprio estylo, simples e claro desde as primeiras poesias, parece me um producto do esforço das mestras que lhe corrigiram os themas escolares, com o bom senso e a medida dos franceses.
Mas, sem a dor que lhe requintou a fé, Auta certamente não teria encontrado a forma com que deu cor e relevo ás