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HORTO

Não nos deixes soffrer. Outr’ora , quando afflicta
Tu nos vias chorar — os risos de tu’alma! —
Soluçavas tambem e a tua mão bemdita
Nos enxugando o pranto, o transformava em calma.

Teu seio, ó minha mãe, era a corrente mansa,
Sempre serena e doce em seu gemer eterno,
Onde boiava, a rir, noss’alma de creança
No mimoso batel do coração materno.

Como era bom dormir na curva de teu braço,
Sonhando adormecer ouvindo-te cantar...
Como era bom dormir, ó mãe, em teu regaço,
Dourando-nos o somno a luz de teu olhar!

Angicos — 1896.