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AO MAR
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Tu dar-me-hias, então, a sepultura
Nessas espumas murmurosas, belas...
E á noite, se mirando em tuas aguas,
Me cobriria o Céo de mil estrellas.

Ao pé de ti, como um soluço brando,
Sinto fugir-me, pouco a pouco, a vida...
Chorai, vagas, por mim! dobrai finados
Bem como os sinos de risonha ermida!

No mausoléo augusto do Oceano
De outros dobres minh’alma não precisa;
Por supplica mortuaria só deseja
O soluço do vento que deslisa...

Dezembro de 1893.