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Página:Horto (1910).djvu/71

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MEU SONHO
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Quando, nas noites frias de inverno,
Eu tenho medo da tempestade,
Elle, o meu sonho, consolo eterno,
Transforma as sombras em claridade.

Quando no seio, choroso e louco,
Palpita, incerto, meu coração...
O sonho doce vem, pouco a pouco,
Trazer-me a graça de uma illusão.

E eu canto e rio na luz dispersa
Deste diluvio de phantasias...
Minh’alma vôa no Azul immersa
Buscando a patria das harmonias.

Imagem doce, visão sagrada,
Chimera excelsa dos meus amores,
Perola branca, delicia amada
Balsamo puro das minhas dôres;

Elle, o meu sonho, pharol que encanta,
Guia-me á patria da salvação
Sorriso ingênuo, reliquia santa,
Do relicario do coração!