—Deus esteja com vossuncês, disse ele entre dois bocejos. Ora, Mochu, o Sr. acordou-me no melhor do sono. Estava sonhando que voltara para o Rio de Janeiro e ia acompanhando uma música pelo Largo do Rocio afora. Conhece o Largo do Rocio? perguntou a Cirino.
—Não, respondeu-lhe este.
—Xi! Que largo! Hem, Mochu?
E novo bocejo cortou-lhes a descrição da louvada praça.
—Juque, exclamou Meyer coçando a barba com ar alegre, o dia hoje está claro e bonito. Havemos de apanhar pelo menos umas doze borboletas novas.
—E quanto me dá Mochu, se eu agarro vinte e cinco?
—Vinte e cinco? repetiu o alemão com alguma dúvida.
—Sim, vinte e cinco... e até mais, vinte e seis. Diga, quanto me dá?
—Oh! eu dou a você dois mil-réis.
—Está dito, fecho o negócio. Eu cá sou assim, pão pão, queijo queijo; tão certo como chamar-me José Pinho, seu criado, carioca de nascimento e batizado na Freguesia da Lagoa, lá para as bandas do Brocó, e...
—Agora, interrompeu Meyer, vá buscar água para lavar a cara, e tire sabão e pente na canastra.
—Olhe, sr. doutor, continuou o camarada sentado sempre e voltando-se para o lado de Cirino, esta minha vida é levada de seiscentos mil diabos. Nós saímos do Rio já há mais de dois anos; não é, Mochu?
—Vinte e três meses, retificou Meyer.