alguma, as suposições logo ideadas acerca da impressão que naturalmente aquele estrangeiro produzira no coração da sua Inocência, já quase pertencendo ela a outrem, e as colisões que previu para manter inabalável a sua palavra de honra, palavra dada em dois sentidos agora antagônicos-um mundo enfim de cogitações e de terrores. E tudo isto revolvendo-se na cabeça de Pereira, refletia-se com sombrios traços de inquietação em seu rosto habitualmente tão jovial.
—Por que razão é, perguntou ele a José Pinho para desviar aquela conversa que tanto o magoava, que vosmecê chama Mochu ao Sr. Meyer?
Sorriu-se o carioca com ar de superioridade e respondeu desembaraçadamente:
—Ah! E um modo de falar...
—Como assim?
—Já lhe ponho tudo em pratos limpos... Vosmecê não lhe chama sr.?
—Chamo.
—Pois, então?... Eu também lhe chamo assim... mas falo em francês, Mochu quer dizer senhor, nessa língua.
—Ah! replicou Pereira dando-se por convencido, então e isso? Pensei que fosse outra coisa...
—Juque; avisou Meyer que estava a remexer nas canastras, prepare tudo; nós vamos ao mato agora mesmo...
—Venha comigo, propôs o mineiro com voz insinuante. Eu lhe apontarei lugares onde há dessa bicharia miúda, coisa nunca vista.
—Com muito gosto, concordou o alemão.