Página:Innocencia (1872).djvu/178

Wikisource, a biblioteca livre

coitado do outro e despache-o depressa. Estou todo enfernizado por vê-lo no meu terreiro.

Cirino saiu então e, caminhando com lentidão, parou a alguns passos do mal-aventurado Garcia, cujo rosto repentinamente se contraiu enquanto tirava o chapéu com submissão e receio.

Vinha então a tarde descendo, e a luz do crepúsculo irradiava por toda a parte, tão melancólica e suave que, sem saber por que, a alma de Cirino de repente se confrangeu.

Com assombro o encarava o lázaro. Diante dele se erguera quem lhe ia apontar o caminho da eterna proscrição. Dos seus lábios ia cair a sentença última, irremediável, fatal!

Quanta angústia no olhar daquele homem! Que pensamentos sinistros! Quanta dor!

Também ficara ali atônito, boquiaberto, à espera que a palavra de Cirino lhe quebrasse o horroroso enleio. -Então, disse este depois de breve pausa, que me quer o senhor?

—Doutor, balbuciou Garcia... primeiro que tudo quero... pagar-lhe;... trouxe algum... dinheiro... mas, talvez... seja... pouco.

Interrompeu-o Cirino:

—Não recebo dinheiro para tratar... da sua moléstia.

—Quer isto dizer, replicou com acabrunhamento Garcia, que ela não tem cura... Eu bem sabia, mas. . é tão duro ouvir sempre isso!. . Olhe, o