Página:Innocencia (1872).djvu/54

Wikisource, a biblioteca livre

—A benção, meu senhor, pediu a escrava chegando-se com alguma lentidão.

—Deus te faça santa, respondeu o mineiro. Como vai a menina? Nocência?

—Nhã está com sezão.

—Isto sei eu, rapariga de Cristo; mas como passou ela de trasantontem para cá?

—Todo o dia, vindo a hora, nhã bate o queixo, nhorsim.

—Está bem... É que o mal ainda não abrandou... Daqui a pouco, veremos. E a janta?... Está pronta? Venho varado de fome. Que diz, Sr. Cirino? indagou, voltando-se para 0 companheiro.

—Não se me dava também de comer alguma coisa. Temos razão para...

—Pois então, interrompeu Pereira, ponha pé no chão e pise forte que o terreno é nosso. Minha casa, já lho disse, é pobre, mas bastante farta e a ninguém fica fechada.

Deu logo o exemplo, e descavalgou do cavalinho zambro, o qual foi por si correndo em direção a uma dependência da casa com formas de tosca estrebaria.

Apeou-se igualmente Cirino, mas, ao penetrar numa espécie de alpendre de palha que ensombrada a frente toda, mostrou repentina e viva contrariedade no gesto e na fisionomia.

—Ora, Sr. Pereira, exclamou ele batendo com o tacão da bota num sabugo de milho, só agora é que me lembro que as minhas cargas vão todas tomar