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Página:Innocencia (1872).djvu/75

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boca de um anjo, disse Pereira com alegria.

—Hão de as cores voltar logo, continuou Cirino.

Ligeiramente enrubesceu Inocência e descansou a cabeça no travesseiro.

—Por que amarrou esse lenço? perguntou em seguida o moço.

—Por nada, respondeu ela com acanhamento.

— Sente dor de cabeça?

—Nhor-não.

—Tire-o, pois: convém não chamar o sangue; solte pelo contrário, os cabelos,

Inocência obedeceu e descobriu uma espessa cabeleira, negra como o âmago da cabiúna e que em liberdade devia cair abaixo da cintura. Estava enrolado em bastas tranças, que davam duas voltas inteiras ao redor do cocoruto

—É preciso, continuou Cirino, ter de dia o quarto arejado e pôr a cama na linha do nascente ao poente.

—Amanhã de manhãzinha hei de virá-la, disse o mineiro.

—Bom, por hoje então, ou melhor, agora mesmo, o suador. Fechem tudo, e que a dona sue bem. A meia-noite, mais ou menos, virei aqui dar-lhe a mezinha. Sossegue o seu espirito e reze duas Ave-Marias para que a quina faça logo efeito.

—Nhor-sim, balbuciou a enferma.

—Não lhe dói a luz nos olhos? perguntou Cirino, achegando-lhe um momento a vela ao rosto.

—Pouco... -um nadinha.