Página:Inspirações do Claustro.djvu/252

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Sou pontual aqui no dever sagrado, que Pope nos impõe, de favo­recer o mérito de pressa.

Saudade – pag. 168.

Dirão que sou cabeça de motim, e que, como precipitei-me no abismo, quero arrastar a todos em minha queda. Inda bem — que eu sei a linguagem dos devotos.

Eu não me atreveria a dirigir esta poesia ao meu antigo compa­nheiro de claustro e de sofrimento, se não conhecesse que sua alma está muito acima da alma do frade. Com isto tenho respondido a todos. Talvez mais tarde eu tenha de provar com fatos o que acabo de di­zer, em uma obrita que tenho planejado.

A morte no claustro – pag. 175.

Esta composição tinha outro título, com o qual foi impressa. Sub­stitui-o por este pela justa crítica de um amigo.

Não obstante é uma dessas composições, de que me envergonho. Imprimo-a, porém, — porque pode agradar ainda a algum, como agra­dou já uma vez. Há algumas pessoas de um gosto tão esquisito...

Eu assisti à morte deste monge, — e pela primeira vez à morte de um homem. Fui tão impressionado, que corri a escrever, com ânsia, esse espetáculo medonho. Saiu uma coisa comum, e entretanto, monstruosa.

Aqui começam minhas composições fúnebres. Careciam elas de muitas notas, de muitos esclarecimentos, impossíveis neste livrinho. Eu me reservo para melhor menção.

É-me preciso, todavia, dizer uma coisa. No canto fúnebre à morte do meu melhor amigo França-Rebouças, digo que tenho uma alma feita a um cepticismo inato. Há aí quase uma hipérbole poética. Meu cepticismo não é um pirronismo absoluto, mas essa dúvida que Descartes aconselhava, essa dúvida do Dante:

Che non men che saper, dubbiar m'aggrada.

Isto sou eu, e não mais. Que importa, porém, o que eu seja?