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— Poty conhece toda a terra que tem os Pytiguaras desde as margens do grande rio, que fórma um braço do mar, até a margem do rio onde habita o jaguar. Elle já esteve no alto do Mocoribe, e de lá vio correr no mar as grandes igaras dos guerreiros brancos, teus ennemigos, que estão no Mearim.

— Por que chamas tu Mocoribe, ao grande morro das areias?

— O pescador da praia, que vae nas jangadas, lá onde vôa a aty, fica triste, longe da terra e de sua cabana, em que dormem os filhos de seu sangue. Quando elle volta e que seus olhos primeiro avistão o morro das areias, a alegria volta ao seio do homem. Então elle diz que o morro das areias dá alegria!

— O pescador diz bem; porque teu irmão ficou contente como elle, vendo o monte das areias.

Martim subio com Poty ao cimo do Mocoribe. Iracema seguindo com os olhos o esposo, divagava como a jaçanan em torno do lindo seio, que ali fez a terra para receber o mar. De passagem ella colhia os doces cajús, que aplacão a sêde aos guerreiros, e apanhava conchas mimosas para ornar seu collo.