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Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/131

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guerreiro que tem uma esposa, um amigo e muitos filhos; ella nada mais deseja senão a morte gloriosa.

Martim unio o peito ao peito de Poty:

— O coração do esposo e do amigo fallou por tua boca. O guerreiro branco é feliz, chefe dos Pytiguaras, senhores das praias do mar; a felicidade nasceu para elle na terra das palmeiras, onde rescende a baunilha, e foi gerada no sangue de tua raça, que tem no rosto a cor do sol. O guerreiro branco não quer mais outra patria, senão a patria de seu filho e de seu coração.

Ao romper d'alva Poty partiu para colher as sementes de crajurú que dão a bella tinta vermelha, e a casca do angico de onde sae a cor negra mais lustrosa. De caminho sua flexa certeira abateu o pato selvagem que planiava nos ares: e elle arrancou das azas as longas pennas. Subindo ao Mocoribe, rugiu a inubia. A refega que vinha do mar levou longe o ronco som. O buzio dos pescadores do Trahiry, e a trombeta dos caçadores do Soipé, responderão.

Martim banhou-se n'água do rio, e passeou na praia para secar o corpo ao vento e ao sol.