Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/138

Wikisource, a biblioteca livre

tiravão-se della para se estenderem pela immensidade dos mares.

Viram umas azas brancas, que adejavão pelos campos azues. Conheceu o christão que era uma grande igara de muitas velas, como construião seus irmãos; e a saudade da patria apertou-lhe no seio.

Alto ia o sol; e o guerreiro na praia seguia com os olhos as azas brancas que fugião. Debalde a esposa o chamou á cabana, debalde offereceu a seus olhos, as graças della e os fructos melhores do campo. Não se moveu o guerreiro, senão quando a vela sumiu-se no horisonte.

Poty voltou da serra, onde pela primeira vez fora só. Tinha deixado a serenidade na fronte de seu irmão e achava ali a tristeza. Martim sahiu-lhe ao encontro:

— A igara grande do branco tapuia passou no mar. Os olhos de teu irmão a virão voar para as margens do Mearim, alliados dos Tupinambás, innemigos de tua e minha raça.

— Poty é senhor de mil arcos; si é teu desejo elle te acompanhará com seus guerreiros ás margens do Mearim para vencer o Tapuitinga e seu amigo o traidor Tupinambá.