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Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/153

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ao vento da praia para que elle leve tua voz á cabana de teus paes.

— A voz do guerreiro branco chama seus irmãos para defender a cabana de Iracema e a terra de seu filho, quando o ennemigo vier.

A esposa meneou a cabeça:

— Quando tu passas no taboleiro, teus olhos fogem do fructo do genipapo e buscão a flor do espinheiro; a fructa é saborosa, mas tem a côr dos Tabajaras; a flor tem a alvura das faces da virgem branca: Si cantão as aves, teu ouvido não gosta já de escutar o canto mavioso da graúna; mas tua alma se abre para o grito do japim, porque elle tem as pennas douradas como os cabellos daquella que tu amas!

— A tristeza escurece a vista de Iracema e amarga seu labio. Mas a alegria ha de voltar á alma da esposa, como volta á árvore a verde rama.

— Quando teu filho deixar o seio de Iracema, ela morrerá, como o abaty depois que deu seu fructo. Então o guerreiro branco não terá mais quem o prenda na terra estrangeira.

— Tua voz queima, filha de Araken, como o sopro que vem dos sertões do Icó, no tempo dos