Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/61

Wikisource, a biblioteca livre
- 41 -

Iracema corria na mata como a corsa perseguida pelo caçador. Só respirou chegando á campina, que recortava o bosque, como um grande lago.

Quem seus olhos primeiro virão, Martim, estava tranquillamente sentado em uma sapopema, olhando o que passava ali. Contra, cem guerreiros tabajaras com Irapuam á frente, formavão arco. O bravo Cauby os affrontava á todos, com o olhar cheio de ira e as armas valentes empunhadas na mão robusta:

O chefe exigira a entrega do estrangeiro, e o guia respondera simplesmente:

— Matai Cauby, antes.

A filha do Pagé passara como uma flecha: ei-la diante de Martim, oppondo tambem seu corpo gentil aos golpes dos guerreiros. Irapuam soltou o bramido da onça atacada na furna.

— Filha do Pagé, disse Cauby em voz baixa. Conduz o estrangeiro á cabana: só Araken pode salva-lo.

Iracema voltou-se para o guerreiro branco:

— Vem!

Elle ficou immovel.

— Si tu não vens, disse a virgem; Iracema morrerá comtigo.