Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/73

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deixará nelles rastro de sangue, como o tigre esfaimado.

Iracema tomou a mão do guerreiro branco e beijou-a.

— Teu sorriso, continúa elle; apagou a lembrança do mal que elles me querem.

Martim ergueu-se e marchou para a porta.

— Onde vai o guerreiro branco?

— Adiante de Poty.

— O hospede de Araken não póde sair desta cabana, porque os guerreiros de Irapuam o matarão.

— Um guerreiro só deve protecão á Deos e a suas armas. Não carece que o deffendão os velhos e as mulheres.

— Não vale um guerreiro só contra mil guerreiros; valente e forte é o tamanduá, que mordem os gatos selvagens por serem muitos e o acabão. Tuas armas só chegão até onde mede a sombra de teu corpo; as armas delles voão alto e direito como o anajê.

— Todo o guerreiro tem seu dia.

— Não queres tu que morra Iracema, e queres que te ella deixe morrer!

Martim ficou perplexo: