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Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/83

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A voz de Tupan emmudeceu.

Iracema e o christão perdidos nas entranhas da terra, descem a gruta profunda. Súbito uma voz que vinha reboando pela crasta, encheu seus ouvidos:

— O guerreiro do mar escuta a falla de seu irmão?

— E' Poty, o amigo de teu hospede: disse o christão para a virgem.

Iracema estremeceu:

— Elle falla pela boca de Tupan.

Martim respondeu enfim ao Pytiguara.

— As fallas de Poty entrão n'alma de seu irmão.

— Nenhum outro ouvido escuta?

— Os da virgem que duas vezes em um sol deffendeu a vida de teu irmão!

— A mulher é fraca; o tabajara traidor, e o irmão de Jacaúna prudente.

Iracema suspirou: e pousou a cabeça no peito do mancebo:

— Senhor de Iracema, cerra seus ouvidos, para que ella não ouça.

Martim repellio docemente a gentil fronte:

— Falle o chefe Pytiguara; só o escutão ouvidos amigos e fieis.