Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/96

Wikisource, a biblioteca livre
- 76 -

— Os guerreiros tabajaras dormem. A filha de Araken vae guiar os estrangeiros.

A virgem seguio adeante; os dois guerreiros apoz. Quando tinhão andado o espaço que transpõe a garça de um vôo, o chefe Pytiguara tornou-se inquieto; e murmurou ao ouvido do christão:

— Manda á filha do Pagé que volte á cabana de seu pae. Ella demora a marcha dos guerreiros.

Martim entristeceu; mas a voz da prudencia e da amizade penetrou em seu coração. Avançou para Iracema, e tirou do seio uma voz doce para acalentar a saudade da virgem:

— Mais affunda a raiz da planta na terra, mais custa a arranca-la. Cada passo de Iracema no caminho da partida, é uma raiz que lança no coração de seu hospede.

— Iracema quer te acompanhar até onde acabão os campos dos Tabajaras, para voltar com o socego em seu peito.

Martim não respondeu. Continuarão á caminhar, e com elles caminhava a noite; as estrelas desmaiarão, e a frescura da alvorada alegrou a floresta. As roupas da manhã, alvas como o algodão, apparecerão no céo.