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SYLVESTRE.
FIM.




— Não vá trabalhar agora, disse Camila.

— Por que não?

— Porque eu não quero.

Silvestre insistiu; ela repetiu-lhe a proibição, não já com a voz doce, mas com alguma coisa da irritação felina. Silvestre cedeu de má vontade; encostou-se à janela e estendeu os olhos ao mar. No fim de algum tempo, ouviu um pequeno grito. Voltou-se. Camila erguera a ponta da toalha que cobria o painel, levantara a pouco e pouco até descobri-lo todo. Silvestre não correu para ela; deixou-se ficar de costas para a janela, a olhar para as duas Vênus.

Era o sentimento da arte que lhe arrancara o grito, que lhe abria extraordinariamente os olhos? Não; era a simples vaidade de moça bonita. As feições da Vênus eram as suas. Camila correu enfim para o pintor, pegou-lhe nas mãos e beijou-as.

— Magnífico! magnífico! exclamava ela.

Silvestre contemplava o quadro com igual admiração. A Vênus, expulsa