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Página:Jornal das Famílias 1878 n12.djvu/10

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Adriano conseguira chegar-se à fala, mas o outro não o percebeu logo nos primeiros dias. Foi só ao cabo de uma semana que ele descobriu esse progresso do inimigo. Passou; viu um vulto à porta; atentou nele; era Adriano.

— Meu Deus! exclamou Carlota. Aquele moço me conhece...

— Já sei, replicou Adriano com pausa. Ele gosta da senhora.

— Oh! mas eu...

— Não se importe com isso; eu saberei ensiná-lo.

— Pelo amor de Deus!

— Descanse; é só se bulir comigo.

Anacleto Monteiro afastava-se dali com a morte na alma e o cérebro em ebulição. Parou ao longe, disposto a esganar o primo, quando ele se aproximasse. Chegou a querer voltar, mas recuou diante da necessidade de um escândalo. Todo ele tremia de cólera. Encostou-se à parede, disposto a esperar até meia-noite, até o outro dia, se necessário fosse. Não era. Adriano, ao cabo de meia hora, despediu-se de Carlota e seguiu na mesma direção do primo. Este hesitou entre uma afronta e uma retirada; preferiu a primeira e esperou. Adriano veio a passo lento, encarou-o e seguiu. Anacleto ficou pregado à parede. No fim de cinco minutos recobrou todo o sangue, por haver ficado sem pinga dele, e foi para casa a passo lento e cauteloso.

Naturalmente este episódio não podia ir além. Desenganado Anacleto por seus próprios olhos, não tinha mais que esperar. Assim foi por algumas horas. Anacleto recorreu à pena logo que chegou à casa, e numa carta longa e chorosa disse à namorada todas as queixas de seu coração. Carlota redigiu uma resposta em que lhe dizia que a pessoa com quem ela estivera falando da janela era visita de casa. Ele insistiu: ela ratificou as primeiras declarações até que três dias depois ocorreu em plena tarde, e em plena rua, um episódio que regozijou singularmente a vizinhança.

Nessa tarde encontraram-se os dois perto da casa da namorada. Anacleto teve a infelicidade de um pigarro; conseqüentemente tossiu. A tosse pareceu escarninha a Adriano, que estacando o passo, disse-lhe uma injúria em alta voz. Anacleto teve a infelicidade de retorquir com outra. O sangue subiu à cabeça do primo, que lhe lançou a mão ao paletó. Nesta situação não há covardia que resista. Por mal dos pecados, Carlota apareceu à janela: a luta era inevitável.

Há de desculpar o leitor se lhe dou esta cena de pugilato; mas, repare bem, e verá que ela é romântica, de um romântico baixo. Na Idade Média,