Página:Laura de Anfriso.djvu/18

Wikisource, a biblioteca livre
Epiſtola dedicaforia.

Quiſerdes aſſolar o impio aſſento,
De Alcacere,mouendo a grão ruina
Ate a minima pedra & fundamento.
 
Ide noua eſperança Brigantina
Pello meo dos Caens fazendo ruas;
Mouendo com deſtreza eſpada fina.

Ia vos eſtâo tremendo as meas luas;
Ia com medo de vos ſe eſtão quebrando
Nouo Leão de Heſpanha,eſpadas nuas.

De voſſo Rey,& tio o campo infando
Que ja ſangue bebeo em fatais horas,
ſó por voſſa vingança eſtâ bradando.

Sangue do Regio Abel que inda oje choras,
O meu Princepe te ouue;& por vingarte
Odios ao tempo tem,que tras demoras.

Parece que retumba em toda a parte
Dos Martyres de Chriſto a voz choroſa,
Que em ſoſpiros enuolta diz:DVARTE.

O companhia ſanta,& glorioſa,.
Que debaxo do altar do Sarraceno
Aos Anjos publicais a dor penoſa:

Oie eſtollas vos manda o Ceo ſereno;
Pera que reueſtidas de eſperança
Vingadas vos vejais em luſtro ameno.
 
Ide Principe meu mouendo a lança
Contra aquella infelice,& dura terra
Rubricada com o ſangue de Bragança.

Lem-