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barra neles:... é a Mãe do Ouro que chama socorro...

Às vezes rebenta um serro destes com estrondo grande; se é de noite, no fogo que se vê sair, vai a cuidadeira de mudança para outro; se é de dia, é sempre no pino do meio dia, e na luz do sol que encandeia os olhos, apenas sente-se o rumo que ela toma, só o rumo, mas não o lugar novo em que ela vai fazer morada nova.

2

Serros Bravos

 

Dos mortos por seu castigo, alguns não ficaram bem mortos e ainda estrebucham, curtindo dores.

E como ainda estão meio vivos, quando algum vivente quer tirar para sua cobiça o ouro — que é os seus nervos e que doem — os Serros, esses, enfurecem-se, e por força de encantamentos somem-se, rasos, ou atiram de uns para outros, temporais tão medonhos, que eriçam o cabelo e prendem o passo dos homens, mesmo os mais desabusados.

E se eles teimam, morrem.

3

A casa de M’bororé

 

Dentro do mato grosso, mato velho e crescido, sem plantas pequenas dentro, aí, só há uma luz pouca, tirante a verde e a cinzento: e nenhuma árvore faz sombra, porque a ramaria de todas faz peneira por onde passa o sol, que nunca enxerga o chão...

Dentro desse mato, no mais tupido dele, há uma lombada redonda, como uma casca de caramburé; aí, em cima dela, há uma casa de pedra