Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/136

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“Sangue, dizes tu, beguino?—­exclamou elrei—­Oh, que é muito! A quem se atreveram assim esses populares maldictos?”

“Eu proprio vi o nobre conde de Barcellos travar-se com Fernão Vasques; mui grande numero de bésteiros, e peões armados de ascumas rodeavam já o alpendre de S. Domingos, e os clamores de morram os traidores atroavam a praça.”

“Que me dêem o meu arnez brunido, a minha capelina de camal, e o meu estoque francez:—­gritou D. Fernando escumando de colera.—­Eu irei a S. Domingos, e salvarei os ricos-homens de Portugal, ou acabarei ao pé delles. Pagens! onde está o meu donzel d’armas?”

“O teu donzel d’armas, rei D. Fernando,—­interrompeu com voz pausada e firme D. Leonor—­segue com os outros pagens caminho de Santarem, montado no teu cavallo de