Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/153

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e fez uma visagem entre afllicta e resignada, levando ao mesmo tempo a mão ao joelho, como se alli sentisse uma dor agudissima.

“Veneravel Fr. Roy!—­atalhou o donzel com as lagrymas nos olhos—­se tivesseis procurado o aposento dos donzeís, nós vos dariamos ao menos um almadraque para repousar, e repartiriamos comvosco da nossa cêa. Mas o mal esta feito, e o peior é que para hoje não vos posso offerecer abrigo. Vós crêdes, sancto homem, que a revolta é finda, e nunca ella esteve mais accesa. Sua senhoria vae partir já da cidade ...”

“Sancta Maria val! Sancto nome de Jesus! Accorrei-nos, virgem bemdicta!—­interrompeu Fr. Roy.—­Pois os populares teimam em sua assuada, e elrei deixa-nos aos coitados de nós, humildes religiosos e cidadãos pacificos, entregues ao furor dos peões?”

“E que remedio, bom Fr. Roy?!—­replicou tristemente o donzel.—­Sem cavalleiros, escudeiros e bésteiros não se faz guerra, nem se desfazem assuadas, e nada d’isto tem elrei. Agora vou eu ao rocío avisar os senhores do conselho, os privados e fidalgos que lá estão, que sigam caminho de Santarem, sob pena de incorrerem em caso de traição se ficarem em Lisboa, por signal que elrei me recommendou