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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/166

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em voz sumida ao alfaiate.—­Elrei acaba de saír da cidade.”

Fernão Vasques recuou, e poz-se a olhar espantado para Diogo Lopes, como quem não acreditava o que ouvia.

“O que vos digo é a verdade,—­continuou Pacheco.—­Mas não affrouxar! Elrei de Castella é por nós, e bom numero de fidalgos portuguezes o são tambem. Mais; são por nós a maior parte dos que ora aqui vêdes presentes. Conservae o bom animo do povo, e fiae o resto de mim e ... de quem vós sabeis.”

Ao pronunciar estas palavras, Diogo Lopes lançou de relance os olhos para D. Diniz.

“Mas elrei tomará por mulher D. Leonor—­acudiu o alfaiate aterrado:—­voltará a Lisboa com seus cavalleiros e homens d’armas, e então coitados de nós!”

“Não temaes: o matrimonio adultero será condemnado pelo papa. Vós já tereis ouvido contar o que succedeu a elrei D. Sancho: a D. Fernando póde succeder o mesmo. Tambem os fidalgos de Portugal têem homens d’armas. Podeis estar certo de que não vos abandonaremos. Agora resta uma cousa. Coube-me a mim dar esta triste nova aos bons e leaes burguezes, que tão ousadamente se oppozeram á deshonra da sua terra e de seu rei,