de Lisboa, quebra-lo-heis diante de vosso rei: quebra-lo-heis, que vo-lo digo eu!”
D. Diniz viu então que todos seus passos estavam descobertos: achava-se por isso â borda de um abysmo. Hesitou um momento; mas lembrou-se de que era neto do heroe do Salado, e precipitou-se na voragem.
“Vil é a mulher barregan e adultera, e essa é ambas as cousas. Traidor seria um rei de Portugal que assentasse o adulterio no throno, e vós o fizestes, rei deshonrado e maldicto de vosso Deus e do vosso povo! Quem neste logar é o vil e o traidor?”
O infante, acabando de proferir estas palavras, abaixou a cabeça e deixou descahir os braços. Elle bem sabia que se seguia o morrer.
Apenas elrei se alevantára, D. Leonor, cujas faces se haviam tingido da amarellidào da morte, tinha-se erguido tambem. Naquelle rosto, semelhante ao de uma estatua de sepulchro, apenas se conhecia o viver no profundar, cada vez maior, das duas rugas frontaes que se lhe vinham junctar entre os sobr’ olhos.
Ouvindo as derradeiras e fulminantes palavras de D. Diniz, elrei soltára um destes rugidos de desesperação e colera humana, que nem o rugido da mais brava fera póde igualar; grito de ventriloquo, que é como o estridor