e covarde, e eu a sua victima. É contra elle que ora vos peço justiça. Rei do Portugal, justiça!”
Esta ultima palavra restrugiu horrivelmente pelo aposento. Elrei, que durante o discurso de D. Leonor se erguêra pouco a pouco, fascinado pelo seu gesto diabolico e pelo seu olhar fulminante, cahiu outra vez, arquejando, sobre a cadeira. O desgraçado cobriu a cara com ambas as mãos, e depois de um momento de silencio murmurou:
“Mas como punir aquelles que talvez são cadaveres? A guerra e a furia popular os puniram!”
D. Leonor trinmphára.
“Nem todos:—proseguíu a astuta e sanguinária panthera, accommettendo o ultimo entrincheiramento, em que D. Fernando já debalde procurava defender-se.—Os seus mais vis inimigos ainda respiram, e porventura, ainda sonham vingança. Corregedor da côrte, lêde os nomes escriptos em vossa sentença.”
O corregedor da côrte levantou o pergaminho, affastando-o dos olhos, e interpondo a mão aberta entre estes e a tocha que Nunalvares segurava: tossiu duas vezes, inclinou para traz a cabeça, e com o tom cheio e solemne de um mestre em degredos, leu: