deixou-o cahir no chão. O sêllo foi rolando e parou aos pés de D. Leonor Telles. Ella empallideceu. Porquê? Talvez se lhe figurou uma cabeça humana, que rolava diante delia.
O corregedor fez uma profunda venia, e perguntou em voz sumida á rainha:
“Quando, senhora?”
No mesmo tom D. Leonor respondeu:
“Já.”
O destro e activo corregedor tinha dado no vinte. O já da seria mais já do que ella propria pensava.
O corregedor saíu.
A um aceno de D. Leonor, o donzel metteu a tocha no annel de ferro embebido na parede, d’onde a tinha tirado, e encaminhou-se para juncto da porta, onde ficou com os braços cruzados, olhos no chão, e immovel como uma estatua. Desde este dia o formoso donzel odiou do fundo da alma a sua mui nobre senhora, aquella que lhe cingira a espada. O generoso Nunalvares conhecêra que debaixo desse rosto suave se escondia um instincto de besta-fera.
Os dous fidalgos continuaram a passeiar de um para outro lado, conversando em voz baixa e como alheios á scena que alli se passava.
Elrei tomára a primeira postura em que estava, com o cotovelo firmado no braço da cadeira,