O conde de Barcellos quiz rir-se, mas a risada gelou-se-lhe na garganta, e, como Gonçalo Telles, recuou involuntariamente.
O grilo que restrugira, chegára aos ouvidos d’elrei.
“Que bradar de homem que matam é este?—perguntou elle.
“A justiça de sua senhoria que se executa—respondeu o conde, que neste momento retrocedia da janella.
“Oh desgraçados! tão breve!—disse elrei, passando a mão pela fronte, d’onde manava o suor da afflicção e do terror. Olhando então para Leonor Telles accrescentou:
“Até a derradeira mealha estão pagas vossas arrhas, rainha de Portugal! Que mais pretendeis de mim?”
E deixou pender a cabeça sobre o peito.
D. Leonor não respondeu.
D. Gonçalo Telles aproximou-se então da cadeira de D. Fernando, e curvou um joelho em terra.
Elrei alevantou os olhos e perguntou-lhe:—Que me quereis?”
“Senhor—respondeu o honrado e nobre cavalleiro—se vossa senhoria consentisse neste momento em ouvir a supplica de um dos seus mais leaes vassallos!...”