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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/238

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disse ao arauto:—­“A Virgem proteja meu pae: dizei-lhe que eu o espero.”

O arauto voltou ao grosso de soldados que rodeavam Nuno Gonçalves, e depois de breve demora o tropel aproximou-se da barbacan. Chegados ao pé della, o velho guerreiro saíu d’entre os seus guardadores e falou com o filho:

“Sabes tu, Gonçalo Nunes, de quem é esse castello, que, segundo o regimento de guerra, entreguei á tua guarda quando vim em soccorro e ajuda do esforçado conde de Cêa?”

“É—­respondeu Gonçalo Nunes—­de nosso rei e senhor D. Fernando de Portugal, a quem por elle fizeste preito e menagem.”

“Sabes tu, Gonçalo Nunes, que o dever de um leal alcaide é de nunca entregar, por nenhum caso, o seu castello a inimigos, embora fique enterrado debaixo das ruinas delle?”

“Sei, oh meu pae!—­proseguiu Gonçalo Nunes em voz mais baixa, para não ser ouvido dos castelhanos, que começavam a murmurar.—­Mas não vês que a tua morte é certa, se os inimigos percebem que me aconselhaste a resistencia?”

Nuno Gonçalves, como se não tivera ouvido as reflexões do filho, clamou então:—­Pois se o sabes, cumpre o teu dever, alcaide do castello de Faria! Maldicto por mim, sepultado