o mosteiro, passava o rio Lena, cuja corrente tinham tornado caudal as chuvas da primeira metade da estação invernosa.
No campo contiguo ao edificio, aqui e acolá, alevantavam-se casarias irregulares, algumas fechadas com suas portas, outras apenas cubertas de madeira, e abertas para todos os lados, á maneira de simples telheiros: as casas fechadas e reparadas contra as injurias do tempo eram as moradas dos mestres e artifices que trabalhavam no edificio: debaixo dos telheiros viam-se, n’uns pedras só desbastadas, n’outros algumas onde se começavam a divisar lavores, n’outros, emfim, pedaços de cantaria, em que os mais habeis esculptores e entalhadores já tinham estampado os primores dos seus delicados cinzeis. Mas o que punha espanto era a innumeravel porção de pedras, lavradas, pulidas, e promptas para serem collocadas em seus logares, que jaziam espalhadas pelo grandissimo terreiro, que ao redor do edificio se alargava para todos os lados: maineis rendados, peças dos fustes, capiteis gothicos, laçarias de bandeiras, cordões de arcadas, ahi estavam tombados sobre grossas zorras, ou ainda no chão endurecido pelo contínuo perpassar de trabalhadores, officiaes, e mais obreiros desta maravilhosa machina. Quem de longe olhasse para