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Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/314

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“O outro, dir-vo-lo-hei em breve; mas por ora permitti que para mim o guarde.”

“São negocios de consciencia:—­acudiu o prior.—­Elrei não quer, por certo, fazer-vos quebrar vosso segredo.”

D. João I fez um signal de assentimento ao parecer do seu antigo padre espiritual.

Elrei, o prior, e o architecto ainda se demoraram um pedaço falando ácerca da obra, e do que cumpria fazer no proseguimento della; mas o cégo dissera o que quer que fôra em voz baixa ao rapaz que o acompanhava, o qual saíra immediatamente, e que só voltou quando os tres acabavam a conversação.

“Fernão d’Evora—­disse o cégo, sentindo-o outra vez ao pé de si—­fizeste o que te ordenei, e deste a teu tio Martim Vasques o meu recado?”

“Senhor, si! Envia-vos elle a dizer que tudo está prestes.”

“Então vamos a vêr se desta feita temos mais perduravel abobada.”

Isto dizia elrei saindo da cella de Fr. Lourenço, e seguindo ao longo do claustro. Já a este tempo se tinha espalhado no mosteiro a nova da sua chegada, e os frades começavam de ajunctar-se para o cortejarem. Do mosteiro rompêra a noticia, e se espalhára na povoação,