melhor official de pedraria que eu conheço; o homem que, com mais alguns annos de esperiencia, será capaz de continuar dignamente a serie dos architectos portuguezes.”
“E debaixo de meu especial amparo estará Martim Vasques—respondeu elrei—que por honrado me tenho com haver em meus senhorios homens que vos imitem. [1]”
Ainda bem não eram acabadas estas palavras, sentiu-se um sussurro entre o povo, que girava livremente pela crasta, e que se enfileirou aos lados: chegava a gente que devia tirar os simples.
Entre duas alas de bésteiros vinha um bom numero de homens, magros, pallidos, rotos e descalços: o porte de alguns era altivo, e em seus farrapos se divisava a razão d’isso: eram bésteiros castelhanos, que em diversos recontros e pelejas tinham cahido nas mãos dos portuguezes. As guerras entre Portugal e Castella assemelhavam-se ás guerras civis de hoje: para vencidos não havia nem caridade, nem justiça, nem humanidade: ser mettido em ferros era então uma ventura para o pobre prisioneiro; porque os mais delles morriam assassinados
- ↑ Martim Vasques foi o 3.º mestre das obras da Batalha e Fernão d’Evora o 4.º—Veja-se a Memoria de D. Francisco de S. Luiz no 10.º volume das da Academia.