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Depois de galopar cerca de legoa e meia, o moço largou a estrada real, o tomou um trilho, que ia ter a uma fazenda que ficava a pouca distancia della. Sempre que ahi chegava, com o coração a pular de emoção e de felicidade, a primeira pessoa que avistava era uma linda rapariga de quartorze a quinze annos, que sempre, impreterivelmente, o esperava á porta, com o sorriso nos labios e os olhos radiantes de prazer.

Desta vez, porém, ao avizinhar-se da fazenda, só vio muita gente, que entrava e sahia pressurosamente com ar preoccupado e inquieto, e no meio della o moço procurava debalde com os olhos a rapariga. Sua physionomia fechou-se de subito, e um cruel presentimento apertou-lhe o coração. Apenas vae chegando á distancia de falla, apparece á janella o dono da casa e grita-lhe de longe:

— E Florinda, Sr. Anselmo?... que é feito della?... não me saberá dar noticias de Florinda?...

Anselmo sentio gelar-se-lhe o coração, os olhos se lhe escureccerão, e quasi cahio de cavallo a baixo.

— Pois que succedeo?... gritou elle com voz tremula, e arrojando o cavallo com a velocidade do tufão.