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OU COLLEÇÃO DE POESIAS MODERNAS.
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Negro cachopo, onde morrem
As vagas do pensamento,
Ausencia. como é amargo
O teu primeiro momento,
O adeus da despedida,
A hora do apartamento!

Trago-te inda impresso n’alma,
Dia solemne e fatal,
Vejo-te inda em pranto immersa,
Candida mãe, sem igual,
De meu pae sinto os soluços
N’aquelle abraço final!...

Mas basta — que ía acordando
O cadaver do passado.
Ia erguendo ao que já fôra
O negro manto pesado;
— Folha, adeus! — corre ligeira,
O céu te ceda bom fado!

Coimbra, 2 de Maio de 1842.



A MADRUGADA.

Ei-la trajando verdores,
A linda mãe dos amores,
Com seus volateis cantores
Pelos campos a folgar;
Ei-la folgando na mata,
Que nas aguas se retrata,
Nas aguas de liza prata,
Na prata do lizo mar.