Página:Livro de uma sogra.djvu/249

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Apertei-lhe a mão, beijei inda uma vez Palmira e retirei-me para o meu quarto.

Bem ouvi ainda resmungar meu genro com a mulher. Queixava-se de mim, naturalmente. Compreendi que nesse momento estava sendo amaldiçoada por ele, mas sentia-me radiante, porque tinha ampla convicção de que minha filha, apesar de casada havia já quase dois anos, ia ser feliz, muito feliz, nos braços do esposo.

Recolhida, depois da minha habitual oração, em que pedia a Deus continuasse a dar-nos, a ela a felicidade e a mim forças para poder zelar por esta, deitei-me e adormeci, com a alma nadando em júbilo.

Tinha eu conseguido boa parte do meu ideal. À custa daqueles dúbios enfados e arrufos passageiros, a grande ilusão do amor instinto, a deliciosa quimera da felicidade sexual, mantinha-se equilibrada, sem cair por terra como desalada mentira, nem perder-se no vago como desvairado sonho.

Mas, dentro em pouco, uma grande ocorrência vinha alterar nossa vida, tão custosamente