— Acabou-se tudo!... murmurou o infeliz, como se seguisse o rápido vôo do meu pensamento.
Tomei-lhe as mãos.
— Não... disse em segredo, que minha lágrimas tornavam mais abafado e íntimo, ainda lhe resta uma amiga, uma irmã, uma companheira...
Ele levou à boca as minhas mãos, que se orvalharam nas suas barbas úmidas de pranto.
— Mas como hei de viver agora?... prosseguiu. Como hei de viver sozinho aqui, neste frio hospital abandonado, donde vi saírem, um a um, para o cemitério, todos os entes que me pertenciam?... Diga, minha amiga, diga-me como hei de suportar esta miséria? — E cobriu o rosto com o lenço, soluçando mais forte. — Ah, destino injusto e perverso!... levar-me a morte os outros todos e deixar-me a mim, o mais velho e o mais necessitado de morrer! O que fico eu fazendo aqui... O que fico fazendo?...
A sua agonia retalhava-me o coração. Chamei-lhe a encanecida cabeça para o meu colo