Sim! ainda aplaudo e compreendo a nossa separação, e ainda a amo. E se agora, neste instante, por um efeito maravilhoso, me dessem a escolha de uma mulher, entre todas as mais sedutoras e formosas que tenho visto, reclamaria, sem hesitação, a minha própria esposa, e juro que a amaria com o mesmo arrebatamento do primeiro desejo que ela me inspirou.
Todavia, ridículos monstros que somos nós! no tempo em que vivíamos juntos, quantas vezes, deitados no mesmo leito, me senti, apesar da sinceridade do meu empenho em respeitar o voto nupcial, perturbado pela lembrança de outras mulheres, que sem dúvida não valiam a sombra daquela que eu tinha ao lado? Quantas vezes, com a consciência ressentida, não conjeturava eu a hipótese traiçoeira de ter nos braços, naquele momento, certa provocadora mulher com quem estivera conversando essa noite, durante o baile? E isto dava-se estando eu deitado junto de minha esposa! Revoltava-me contra tão hipócrita deslealdade; repelia indignado semelhantes pensamentos inconfessáveis, mas a mulher, que não era a minha e que não valia tanto