Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/16

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nas suas mãos. A meu parecer, a questão está de pé, a luta não teve o natural desfecho. O pelourinho, há pouco inaugurado por entre festivas demonstrações dos mercadores, deve ser novamente demolido.

— Nem nos custará muito darmos aos vilões esta lição, ajuntou Antônio Dias de Figueiredo. Robustos estão ainda os braços que construíram à roda do Recife essas trincheiras, que o novo governador mandou destruir tanto que tomou conta da terra, mas que as maiores e mais desesperadas investidas dos mascates não puderam romper durante quatro longos meses de cerco. Os pleitos patrióticos, que castigaram a arrogância da vilanagem, depressa voltarão ao posto, onde morrer pela pátria lhes parecia mais nobre do que vencer o inimigo.

— Senhores, respondeu o bispo, as guerras são cruas calamidades, que os estados devem evitar e os homens temer; elas se opõem à civilização, e a moral condena-as. Milhões de cruzados e, o que é mais, milhares de vidas gastaram-se nesses infaustos meses. Sofreu a agricultura, sofreu o comércio, sofreu o governo, sofreu a família, sofreu a religião prejuízos incalculáveis. Mas para justificar o estado lastimoso de Pernambuco, havia uma razão - o governo tinha o direito de se fazer obedecer e a obrigação de impor aos rebeldes a obediência. Nestes intuitos, a nobreza fez o que ordenara sua honra e o seu dever. Mas as circunstâncias atuais não são as mesmas. A nossa resistência