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— Nem sei! Ele disse; porém já me esqueci!

Desejava falar ao médico para saber com certeza o estado de Lúcia; não o consegui porém. No dia seguinte já encontrei Lúcia na sala, ainda abatida, mas sem sofrimento algum.

Decorreu uma semana. Lúcia tinha-se restabelecido completamente; continuávamos as nossas longas conversas de outrora, mas não a sós. A Sr.ª Jesuina ficara a título de caseira ou dama de companhia; encontrava-a invariavelmente repimpada numa cadeira de balanço, a dois passos de Lúcia, lendo uma coleção de novelas em que brilhavam Zaíra, e os Azares da Fortuna. Se alguma vez Lúcia se levantava, a Sr.ª Jesuína atirava com um movimento da cabeça os óculos de tartaruga sobre a ponta do nariz, e seguia-a para lhe perguntar se queria um refresco, um banho, o jantar, a roupa para sair, ou qualquer outra coisa.

Afinal não me pude ter.

— Já estás boa, Lúcia; não precisas mais de enfermeira. Que faz aqui esta velha?

— Faz-me companhia. Vivo tão só!

— Outrora a minha companhia te bastava.

Não me respondeu.

— Manda-a embora!

— Não é possível preciso dela, mesmo para o arranjo da casa.

— Bem; como eu não a posso suportar, não voltarei enquanto ela aqui estiver.

A Sr.ª Jesuína tinha ouvido, o que me era completamente indiferente. Lúcia abaixara a cabeça e ficara pensativa; ao retirar-me, quando me apertava a mão, disse: