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— Em qualquer outra ocasião aceitaria com muito pra­zer; hoje não posso.

— Já vejo que não foste franca!

— Não acredita?. .. Se eu viesse por passeio!

— E qual é o outro motivo que te pode trazer à festa da Glória?

— A senhora veio talvez por devoção? disse eu.

— A Lúcia devota!. . . Bem se vê que a não conheces.

— Um dia no ano não é muito' respondeu ela sorrindo.

— É sempre alguma coisa, repliquei.

Sá insistiu:

— Deixa-te disso; vem conosco.

— O senhor sabe que não é preciso rogar-me quando se trata de me divertir. Amanhã, qualquer dia, estou pronta. Esta noite, não!

— Decididamente há alguém que te espera.

— Ora! Faço mistério disto?

— Não é teu costume decerto.

— Portanto tenho o direito de ser acreditada. As aparências enganam tantas vezes! Não é verdade? disse voltando-se para mim com um sorriso.

— Não me lembra o que lhe respondi; alguma palavra que nada exprimia, dessas que se pronunciam às vezes para ter o ar de dizer alguma coisa. Quanto a Lúcia, fazendo-nos um ligeiro aceno com o leque, aproveitou uma aberta da multidão e penetrou no interior da igreja, em risco de ser esmagada pelo povo.

Não preciso dizer-lhe, pois adivinha, que acabava de fazer uma triste figura. Não sou tímido; ao contrário peco por desembaraçado. Mas nessa ocasião diversas circunstâncias me tiravam do meu natural. A expressão cândida do rosto e a graciosa modéstia