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Página:Luciola.djvu/74

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melhor do que realmente sou e fingir sentimentos que não posso ter, me tornaria ridícula. Talvez o senhor fosse o primeiro a escarnecer de mim.

— Tudo isto, sabes o que é? É orgulho ofendido por algumas palavras que me escaparam anteontem. Não negues; já te conheço melhor do que tu mesma.

— Deveras! É difícil conhecer-me; mais difícil do que pensa. Eu mesma, sei o que às vezes se passa em mim? E o motivo que me arrasta sem querer? Não repare nestas esquisitices! Ralhe comigo, quando eu merecer; prometo corrigir-me.

— Era o meio de me tornar insuportável. Daqui a uma semana não me poderias aturar.

— Experimente!

— Não; dizem que és muito caprichosa, e não há nada que eu respeite como os caprichos de uma mulher. Fica o que tu és; somente sentiria que cometesses excessos como os de ontem.

— Já lhe dei um juramento!

— Acredito nele. Portanto não há necessidade de te humilhares diante de mim, que não tenho direito de pedir-te contas de tua vida. Não te pergunto pelo passado. O que te peço são alguns instantes de prazer. Quando te aborrecer, previne-me.

O senhor nunca me há de aborrecer! Se este prazer que lhe dou vale alguma coisa, tome dele quanto queira; pertence-lhe todo!

Davam seis horas. Lúcia pediu-me que jantasse com ela, e fê-lo com tal humildade e timidez, que apesar dos meus escrúpulos aceitei para não mortificá-la. Enquanto ela vestia-se no toucador, recostei-me no sofá e descontei quase uma hora do sono