Página:Luciola.djvu/8

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AO AUTOR


Reuni as suas cartas e fiz um livro.

Eis o destino que lhes dou: quanto ao titulo, não me foi difícil achar.

O nome da moça, cujo perfil o senhor desenhou com tanto esmero, lembrou-me o nome de um insecto.

Luciola é o lampyro nocturno que brilha de uma luz tão viva no meio da treva e á beira dos charcos. Não será a imagem verdadeira da mulher que no abysmo da perdição conserva a pureza d'alma ? Deixe que que raivem os moralistas.

A sua historia não tem pretenções a vestal. É musa christã : vai trilhando o pó com os olhos no céo. Podem as urzes do caminho dilacerar-lhe a roupagem : veste-a a virtude.

Demais, si o livro cahir nas mãos de alguma das poucas mulheres que lêm neste paiz, ella verá estatuas e quadros de mythologia , a que não falta nem o véo da graça, nem a folha de figueira, symbolos de pudor no Olympo e no Paraíso terrestre.

Novembro de 1861.

G. M.