Página:Mãi - drama em 4 actos.djvu/103

Wikisource, a biblioteca livre

JORGE - Sim!

PEIXOTO - Dou-lhe sobre ela trezentos mil-réis.

JORGE - Como, senhor?!... Não lhe estava hipotecada por seiscentos mil-réis que acabei de pagar hoje?

PEIXOTO - Foi em outro tempo! Hoje está velha.

JOANA - Eu velha, meu senhor!... Mal tenho trinta e sete anos... Depois não sou qualquer mulatinha como essas preguiçosas que não entendem de outra coisa senão de estar na janela!... Eu sei pentear e vestir uma moça que faz gosto. Melhor do que muita mucama de fama.

PEIXOTO - Não tenho filhas.

JOANA - Mas eu também sei coser, lavar, engomar. Que pensa meu senhor?... Onde me vê, não é por me gabar... Dou conta do arranjo de uma casa... Varro, arrumo tudo, cozinho, ponho a mesa; e ainda me fica tempo para fazer as minhas costuras, remendar os panos de prato, arcar as panelas... Pergunte a nhonhô!

JORGE - Joana, eu te peço!

JOANA - Olhe, meu senhor! Dê quinhentos mil-réis, que não se há de arrepender!... Dê sem susto, porque o mais tarde, o mais tarde, amanhã meu nhonhô vai lhe pagar.

PEIXOTO - Não posso. Tu não estás segura...