Página:Mãi - drama em 4 actos.djvu/43

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ELISA - Meu Deus!... Por piedade!

GOMES - É necessário!

ELISA - E eu, e sua filha? Deixa-a ao desamparo?

GOMES - Preferes que a arraste à vergonha?... Não sentes que vais perder teu pai?... Escolhe! Vê-lo infame nas galés, ou chorá-lo morto, porém honrado.

ELISA - Mas ainda pode salvar-se!... Não há de ser condenado, não!

GOM ES - Refleti, Elisa. Que defesa tenho eu?... A minha palavra. E isto basta? Sem dinheiro, sem amigos?... Só me resta uma esperança; e é que esse homem não cumpra o que disse. Mas essa... não acredito nela.

ELISA - Por quê?... Esse homem deve ter um coração! Eu lhe suplicarei de joelhos.

GOMES - Tu sabes se te quero, Elisa, e com que extremos te amo. A única dor que levo desta vida é deixar-te!... Uma menina de 18 anos, sem pai, sem mãe, ao desamparo, é um anjo perdido neste mundo torpe. Toda a sua virtude não basta às vezes para defendê-la. Sucumbe à necessidade implacável..

ELISA - E quer me abandonar!