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ATO ÚNICO

(Uma sala, mobiliada com elegância e gosto; alguns quadros mitológicos. Sobre um consolo garrafas com vinho, e cálices).

PRÓLOGO (entrando)

Querem saber quem sou? O Prólogo. Mudado Venho hoje do que fui. Não apareço ornado Do antigo borzeguim, nem da clâmide antiga. Não sou feio. Qualquer deitar-me-ia uma figa. Nem velho. Do auditório alguma ilustre dama, Valsista consumada aumentaria a fama, Se comigo fizesse as voltas de uma valsa. Sou o Prólogo novo. O meu pé já não calça O antigo borzeguim, mas tem obra mais fina: Da casa do Campas arqueia uma botina. Não me pende da espádua a clâmide severa, Mas o flexível corpo, acomodado à era, Enverga uma casaca, obra do Raunier. Um relógio, um grilhão, luvas e pince-nez Completam o meu traje.