Saltar para o conteúdo

Página:Machado de Assis - Teatro.djvu/238

Wikisource, a biblioteca livre

D. MANUEL - Não sabeis ? - Pois é isto: uns versos mui galantes do nosso Camões. (Caminha estremece e faz um gesto de má vontade.) Uns versos como ele os sabe fazer. (À parte.) Doe-lhe a noticia. (Alto.) Mas, deveras não sabeis do encontro de Camões com o duque de Aveiro?

CAMINHA - Não.

D. MANUEL - Foi o próprio duque que mo contou agora mesmo, ao vir de estar com El-rei...

CAMINHA - Que houve então?

D. MANUEL - Eu vo-lo digo; achavam-se ontem, na igreja do Amparo, o duque e o poeta...

CAMINHA, com enfado. - O poeta! O poeta! Não é mais que engenhar aí uns poucos versos, para ser logo poeta! Desperdiçais o vosso entusiasmo, senhor D. Manuel. Poeta é o nosso Sá, o meu grande Sá! Mas, esse arruador, esse brigão de horas mortas...

D. MANUEL - Parece-vos então...?

CAMINHA - Que esse moço tem algum engenho, muito menos